
Acordo Mercosul-União Europeia e o agronegócio
- 12 jun, 2025
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- Última atualização: 12 jun às 19:05
O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia entrou na fase final de negociação e pode ser assinado até março de 2026. A expectativa é de que o tratado reduza exigências documentais e operacionais para exportação de produtos agropecuários, o que representa uma mudança estratégica para o agronegócio brasileiro.
O consenso entre os blocos inclui, entre outros pontos, o reconhecimento mútuo de certificados fitossanitários e a simplificação de trâmites aduaneiros para embarques de carnes, grãos, frutas e demais commodities de interesse bilateral.
Com isso, o fluxo de exportações deve ganhar agilidade, previsibilidade e menor exposição a barreiras não tarifárias.
Desafios internos para o Brasil
Por outro lado, a consolidação desse novo modelo exigirá adaptações estruturais no Brasil. Será necessário investir no fortalecimento da infraestrutura digital para emissão e rastreamento de certificados, capacitar técnicos responsáveis pelos processos documentais e harmonizar os sistemas de fiscalização federal, estaduais e municipais.
Além disso, haverá demanda crescente por interoperabilidade entre os sistemas do MAPA, da Receita Federal e de órgãos ambientais e sanitários. A ausência de padronização e a morosidade na modernização dessas interfaces podem comprometer a plena adesão às exigências do tratado, colocando o país em desvantagem frente a concorrentes internacionais que já operam com ambientes digitais integrados e processos auditáveis em tempo real.
A resposta do setor público e privado a esses desafios será determinante para transformar o acordo Mercosul-UE em ganho estrutural de longo prazo, e não apenas em uma janela comercial de curto alcance.
Reconhecimento fitossanitário: menos barreiras, mais eficiência
Um dos pilares do novo tratado é a aceitação recíproca de certificados fitossanitários, que deve reduzir inspeções duplicadas e simplificar processos de desembaraço nas fronteiras. Isso significa que um certificado emitido por autoridade brasileira, como o MAPA, será automaticamente aceito pelas aduanas europeias, eliminando etapas de verificação adicionais.
Na prática, isso reduz custos logísticos, acelera embarques e dá mais previsibilidade à programação de exportações. Para frigoríficos, cooperativas, traders e agroindústrias que operam com produtos perecíveis, a medida é especialmente relevante, pois mitiga perdas por atraso e amplia a competitividade frente a outros mercados fornecedores.
Impactos para empresas exportadoras e órgãos reguladores
O novo acordo também deve exigir ajustes operacionais por parte das empresas brasileiras e dos órgãos de fiscalização. Será necessário alinhar os modelos de certificado aos padrões exigidos pela UE, atualizar sistemas de emissão eletrônica, integrar bases de dados e padronizar descritores de qualidade.
Do lado privado, as empresas precisarão revisar seus fluxos documentais para garantir que todos os laudos, certificados, registros e licenças estejam atualizados, legíveis, digitalizados e prontos para conferência por autoridades internacionais.
Como a CBRdoc apoia a nova fase documental do agro
A CBRdoc atua na estruturação, auditoria e validação de documentos exigidos em operações internacionais, com foco em conformidade, rastreabilidade e integração regulatória. A plataforma permite:
- digitalização e certificação de documentos agroexportadores;
- verificação de vencimentos, escopo e validade de certificados fitossanitários;
- organização automatizada de laudos e registros de origem;
- preparação de dossiês com padronização compatível à legislação internacional;
- integração com prefeituras, MAPA, SIF, IBAMA, Anvisa e sistemas da Receita Federal.
Com isso, as empresas ganham velocidade e segurança na documentação das exportações, ampliando sua capacidade de atender a mercados exigentes como a União Europeia.
Conclusão: preparar agora é garantir competividade até 2026
A assinatura do acordo Mercosul-União Europeia é uma das pautas prioritárias da diplomacia comercial brasileira. Com a previsão de conclusão até março de 2026, empresas que atuam na cadeia exportadora precisam iniciar desde já os ajustes documentais e operacionais exigidos por esse novo ciclo.