Construção Civil o avanço do uso de IA no 2º semestre

O segundo semestre de 2025 marca um ponto de inflexão para a construção civil no Brasil, especialmente no que diz respeito à adoção prática da inteligência artificial (IA) na gestão documental de obras, contratos e processos regulatórios. 

Após um primeiro semestre pautado por eventos, projeções de mercado e demonstrações tecnológicas, os próximos meses exigem que construtoras e empresas com modelo EPC (Engineering, Procurement and Construction) deixem o plano das ideias e passem a integrar soluções de IA voltadas para automação de análise de documentos técnicos, conformidade legal e integração entre setores operacionais e administrativos. 

A CBRdoc, como parceira estratégica em gestão documental, destaca os principais vetores de transformação que impactarão decisores de engenharia, jurídico e operações

IA deixa de ser apenas tendência e se torna tecnologia central da operação

O mercado de IDP (Intelligent Document Processing) segue em expansão. Segundo relatório da Fortune Business Insights publicado em junho de 2025, o setor deverá crescer de US$ 10,57 bilhões em 2025 para US$ 66,68 bilhões em 2032, com uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 30,1%.

Já a Business Research Insights projeta um crescimento de US$ 4,51 bilhões em 2024 para US$ 18,89 bilhões em 2032, com CAGR de 29,5%. Esses dados reforçam a maturidade de um mercado que já movimenta bilhões de dólares e cresce com foco em soluções de IA capazes de interpretar, classificar e extrair dados estruturados e não estruturados de documentos técnicos. 

Na construção civil, isso se traduz na automação de processos como validação de ARTs (Anotações de Responsabilidade Técnica), certidões negativas, contratos de empreitada, laudos ambientais e relatórios técnicos exigidos em auditorias e financiamentos.

Eventos como o Hackathon Construtech 2025 e a Sexta da Construção (Sinduscon-BA) demonstram como o mercado tem pressionado por soluções baseadas em IA que tragam eficiência operacional e validem documentos técnicos com velocidade e segurança. 

Embora algumas soluções emergentes tragam abordagens interessantes, poucas entregam, de fato, a robustez exigida por grandes players, o que reforça a importância de plataformas já consolidadas e integradas como a CBRdoc.

Fiscalização técnica e rastreabilidade documental no centro da operação

A documentação em obras passa a ser cada vez mais fiscalizada, tanto por órgãos reguladores (como a Receita Federal, CREA e Ministério do Trabalho) quanto por stakeholders financeiros e clientes institucionais. Recentemente, os CREAs intensificaram seus posicionamentos em relação à exigência de controle documental nas obras:

• CREA-SP: publicou em seu Plano de Fiscalização 2025 a obrigatoriedade de acesso digital a ARTs e documentos técnicos por fiscais durante visitas;
• CREA-MG: validou um plano anual que reforça a atuação preventiva e a exigência formal de registro e atualização de ARTs e documentos técnicos;
• CREA-SC: lançou em julho a nova edição de seu Manual da Câmara de Civil, destacando a necessidade de rastreabilidade digital e documentação padronizada em obras e serviços em andamento. Reforçou que a ausência de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e a falta de rastreabilidade documental são fatores de autuação imediata em vistorias técnicas.

Além disso, o Confea publicou novo guia sobre obrigações técnicas digitais, alinhado à transformação digital do setor: 

• Versionamento e controle de acesso a documentos regulatórios;
• Rastreabilidade com logs de auditoria compatíveis com normas do CREA;
• Certificação digital integrada a ARTs, contratos e laudos técnicos;
• Integração com ERPs (como Sienge, TOTVS e SAP) para sincronização jurídica e financeira.

Do canteiro ao backoffice: eficiência conectada

Com a evolução do BIM 5D, sensores de campo, sistemas de medição automática e plataformas de gestão integradas, a conexão entre os dados gerados em campo e os processos administrativos se tornou essencial. 

Segundo relatório da The Business Research Company (junho/2025), o mercado global de BIM deve crescer de US$ 8,59 bilhões em 2025 para US$ 16,43 bilhões em 2029, impulsionado principalmente pela integração de dados operacionais e financeiros em tempo real.

Além disso, estudos da Simio Research mostram que o uso de sensores IoT e gêmeos digitais em obras pode elevar a produtividade e reduzir o desperdício de materiais em 20%, dados que reforçam a urgência da digitalização documental e da rastreabilidade nos canteiros.

Na prática, isso significa garantir que documentos como relatórios de medição, atas de visita técnica, contratos de fornecimento, ordens de serviço e registros de conformidade estejam sincronizados, validados digitalmente e disponíveis para auditoria a qualquer momento.

Para C-Levels, essa integração não é mais uma aspiração tecnológica, mas um critério de eficiência e governança. Sem uma base documental sólida e auditável, decisões estratégicas, como liberações de pagamento, emissão de aditivos ou prestação de contas em obras públicas, ficam expostas a riscos operacionais e legais.

O que esperar até dezembro de 2025? É o que vemos na sequência.

Tendências regulatórias e operacionais no segundo semestre de 2025

O segundo semestre de 2025 traz perspectivas claras de endurecimento fiscalizatório e modernização acelerada no setor da construção civil. A seguir, as principais tendências observadas com base em publicações recentes:

• Intensificação de auditorias documentais (CNO, eSocial, contratos): a Receita Federal vem ampliando o cruzamento de dados em obras, principalmente quanto ao CNO (Cadastro Nacional de Obras) e registros trabalhistas. Empresas que não mantêm trilhas documentais organizadas e atualizadas digitalmente são as mais expostas a autuações conforme alertas emitidos em junho/2025 pelo GSGA Advogados e pelo CREA-SP;
• Pressão por produtividade com rastreabilidade comprovada: em recente publicação da FIESP (Boletim da Construção – junho/2025), o setor vive uma fase de ajustes operacionais, onde eficiência não basta: é preciso provar tecnicamente cada avanço. A rastreabilidade documental, aliada à automação dos registros, é o novo critério de performance;
• Tomada de decisão baseada em evidências documentais: CFOs e diretores operacionais estão sendo cobrados por decisões mais assertivas e isso exige que dados e documentos estejam integrados, auditáveis e versionados. 
• Crescimento de soluções com IA e OCR para conformidade em tempo real: o avanço das tecnologias de processamento inteligente de documentos (IDP) já permite extração de dados fiscais, técnicos e jurídicos em segundos.

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